A cidade de Bom Jardim de Goiás parou na tarde de ontem (31/10) para recepcionar o prefeito Cleudes Bernardes da Costa, o Baré (PSDB) que havia sido afastado no dia 27 de novembro por determinação do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás em ação eleitoral movida pela promotoria de Aragarças. Graças a uma liminar concedida na noite do dia 30 de outubro pelo ministro João Otávio de Noronha do Tribunal Eleitoral (TSE) Baré volta a administração do município depois de 35 dias afastado do cargo. O prefeito que era esperado desde as 17h00 no trevo de acesso a cidade só chegou por volta das 20h30 quando foi carregado nos braços por centenas de populares que mesmo debaixo de chuva não arredaram o pé para prestarem sua solidariedade com o prefeito afastado. Baré chegou a cidade acompanhado da primeira-dama Eliene Magalhães e ficou emocionado ao receber o carinho do seu povo. Carregado por populares foi colocado em cima de uma camioneta, quando mais de uma centena de veículos e dezenas de motocicletas saíram em carreata pelas ruas principais da cidade, só parando mais tarde em frente ao salão paroquial, onde o prefeito reempossado Cleudes Baré agradeceu o carinho de sua gente em um breve discurso, que foi interrompido pela falta brusca da energia, que deixou o local às escuras. Baré que estava sem segurança, preferiu interromper seu discurso após ser aconselhado por correligionários, já que estava exposto em cima de uma camioneta, sendo alvo fácil para aqueles que o perseguem desde o período eleitoral do ano passado quando foi tocaiado covardemente levando um tiro de espingarda calibre 12. Em seu breve discurso o prefeito reempossado agradeceu as manifestações de apoio e prometeu fazer uma administração ainda melhor para o povo. Ele destacou que quando foi afastada há 35 dias deixou a administração equilibrada com todas as contas pagas e com R$ 1,5 milhão em caixa. Disse que sua primeira atitude seria mandar fazer uma auditoria para apurar o que foi feito nestes dias do seu afastamento e o que foi feito com o dinheiro que deixou em caixa. “Espero que eles tenham deixado em caixa, mais do que deixei, porque somente assim demonstração que são ótimos administradores”, frisou.
Entenda como tudo aconteceu para o afastamento do prefeito
O prefeito Cleudes Bernardes da Costa, o Baré foi denunciado pela promotora Vânia Marçal de Medeiros como tendo praticado captação ilícita de votos (compra de votos) ao permitir que fosse feita regularização fundiária de lotes durante o período eleitoral. Em abril o relator do processo no TRE-GO , Airton Fernandes de Campos, havia rejeitado as acusações do MP, ao considerar que ele não agiu de forma ilegal e que a “vontade soberana da população manifestada nas urnas deve ser respeitada”. Em seu longo relatório o juiz Airton frisou que “o conjunto de provas juntado aos autos demonstrou claramente que os atos foram praticados de forma legal e sem nenhuma conotação de utilização com fins eleitoreiros”.
No recurso para o TRE o advogado de Baré justificou que os processos de regularização dos lotes foram feitos sem a presença do prefeito e que não em nenhum momento se buscou dividendos eleitorais com os procedimentos. “Gestões passadas, quando foram prefeitos Nailton Oliveira (PMDB) e Manoel Luiz, doaram lotes para pessoas carentes em um bairro chamado Setor Alvorada. Em alguns casos foram doados até cinco lotes a um só beneficiário, sem que as autoridades tomassem conhecimento e a coisa corria sem controle”, frisou o advogado.
Em 2012 o titular do Cartório, Agenor Aires, foi procurado pelos proprietários desses lotes que queriam regularizar as escrituras, sem se preocupar com o fato de estarem em pleno período eleitoral. “Bastava pedir que um técnico da prefeitura fizesse a avaliação do terreno, eles pagassem a escritura no cartório que estaria resolvida a questão”, explicou o prefeito.
O que eles não contavam é que o prefeito Baré sequer estava presente na cidade nesse período, pois sofrera um atentado e estava se recuperando em Goiânia. O casal Emídio Guimarães Júnior e Clara Araújo Guimarães procuraram o cartório em maio de 2012 para fazer a escritura e souberam que custaria R$ 600,00. A casa foi construída pelo pai de Clara e lá funcionava um restaurante. “Eu juro pela vida do meu filho que ninguém falou comigo em voto, até porque eu não voto no Baré”, disse Júnior. Clara, sua esposa, lembra que muitas carreatas do ex-prefeito Naílton saíam da casa que ela herdou e onde funcionou por muitos anos um restaurante. Júnior é mais enfático ao lembrar que prestou depoimento à juíza e que acreditou ter esclarecido tudo.