O prefeito de Iporá Danilo Gleic afirmou na semana passada a imprensa goiana (DM) que irá apenas cumprir o mandato que lhe foi confiado pelo povo e que não tem nenhuma pretensão política. Salientou que está se esforçando para realizar a melhor gestão de todos os tempos, mesmo com todas as dificuldades que vem passando as administrações municipais.
Casado, pai de três filhos, graduado em Administração de empresas. Esse é o perfil de Danilo Gleic Alves dos Santos (PSDB), prefeito de Iporá, município distante 225 km de Goiânia, na Região Centro-Oeste do Estado. Aos 34 anos, ele chegou à administração municipal após um revés político. Ele visitou a redação do Diário da Manhã para comentar a política regional e não economizou críticas à “falta de recursos” enfrentada pelos municípios goianos. Gleic destacou a austeridade de sua gestão e os desafios de gerir um município polo dentro de sua região. Confira a baixo a entrevista do prefeito.
Diário da Manhã – Como começou seu relacionamento com o DM?
Prefeito – Em 2010, nós fizemos uma parceria em que eu fiquei responsável pela venda, pela distribuição e pela logística, ou seja, toda gestão do jornal em Iporá e Região. Fiquei com o jornal até 2012. A minha empresa fazia vendas comerciais e entrega.
DM – Como o senhor iniciou a carreira na vida pública?
Prefeito – Quando eu representava o jornal, eu tinha e tenho ainda, uma empresa do segmento de marketing e comunicação, eu tinha uma militância política. Eu era presidente de um partido à época, eu fazia a parte de assessoria do ex-candidato a prefeito, que era o Naçoitan Leite, e tão logo vieram as eleições de 2012, eu afastei da minha empresa e dediquei exclusivamente para a campanha a prefeito. Fiquei como presidente de partido e coordenador de campanha do Naçoitan. Ele teve uma questão jurídica que não permitia ele ser candidato, assim, o Naçoitan foi substituído pelo presidente do partido e coordenador da campanha dele. Aí que originou o Danilo prefeito.
DM – Como era a prefeitura quando o senhor assumiu?
Prefeito – A prefeitura era uma dificuldade tremenda. Um grupo político de um partido já administrava Iporá por 22 anos, haja vista que esse grupo político, apenas três pessoas foram prefeitos durante esse tempo de 22 anos. Então, logo que chegamos à prefeitura nós tínhamos todo um trabalho de transformação, reorganização da cidade e chegamos com muita dificuldade. Pegamos uma prefeitura com diversas adversidades, nós tivemos que enfrentar, reestruturar a parte administrativa, financeira, estrutural, infraestrutura da cidade, saúde e enfim. Tão logo foi uma iniciativa, foi uma coisa diferente naquele primeiro momento, aonde originou realmente as dificuldades do município junto ao governo federal, junto ao governo estadual. Hoje, ainda persistem essas dificuldades. A cada dia, a realidade das prefeituras está mais pobre, hoje, a oferta de programas que o governo federal tem disponível, seja na saúde, infraestrutura, educação e assistência social são programas viáveis, mas são programas que os municípios têm e não estão conseguindo manter. Tais como Programa Saúde da Família (PSF), Centro de Referência de Assistência Social (Cras), enfim, Saúde Pública de forma geral. Os recursos oriundos do governo federal têm muita limitação, eles são limitados e pequenos, poucos os recursos e a demanda muito grande. Então, hoje, os municípios têm ficado refém ao governo do Estado e refém do governo federal. O governo federal e governo do Estado têm diversas dificuldades também, estão fazendo os ajustes e quem fica na ponta sacrificado, realmente, é o município. Porque lá na ponta que estão os munícipes, lá que estão as pessoas. A pessoa vai bater na porta do prefeito, vai bater na porta da secretária e do vereador, enquanto do governo do Estado e do governo federal não têm esse calor humano que a gente tem, esse contato com a população. Automaticamente, as demandas dos municípios elas só aumentam, claro que eu não posso ignorar aí que várias coisas avançaram que seja na infraestrutura, falando de um modo macro, que seja governo federal, estadual e municípios. A assistência ao cidadão, os serviços ofertados, a estrutura ofertados hoje ao cidadão ampliou bastante, só que as demandas não cessam. As demandas só crescem e os municípios com as dificuldades de manter os programas.
DM – Essas demandas sempre existiram. O que acontece que hoje nós vemos sempre as prefeituras reclamando? Diminuiu a fonte de recursos?
Prefeito – Nesses últimos dois anos, como a ampliação e a oferta de serviços, ela só vem aumentando, os recursos oriundos do governo federal e estadual, claro eles têm paralisado. Eu não vou dizer que houve um declínio, mas eles têm se estabilizado, enquanto o salário mínimo aumenta, enquanto a folha do município aumenta, enquanto o teto do professor aumenta e enquanto o combustível aumenta. Então, o custeio e a manutenção das prefeituras estão muito difíceis. Hoje, o custeio da saúde pública para o meu município que é um município regionalizado, eu tenho que prestar um serviço regionalizado e isso é importante de se colocar. Hoje, eu tenho na minha saúde pública a pactuação com 17 municípios. Esse é o preço da regionalização, enquanto a demanda só aumenta, então o custeio e a manutenção do serviço público de forma geral tem sido a problemática dos municípios. Porque a manutenção e o custeio têm impossibilitado os prefeitos tenhamos recursos em caixa para fazer investimentos.
DM – Quais soluções o senhor procurou para estes problemas?
Prefeito – Estou tomando medidas impopulares, mas medidas equilibradas. Medidas equilibradas que seja paralisação de alguns contratos, de alguns prestadores de serviços, cortes de horas extras, cortes de gratificações, ou seja, eu estou fazendo essa centralização na parte de medicamento, então eu estou otimizando os meus custos para que a prefeitura tenha e continue com equilíbrio financeiro saudável, ainda estou na situação estável, porque eu ainda estou conseguindo honrar os compromissos com fornecedores, as obrigações que são impostas ao município, a prefeitura tem honrado os compromissos. Tanto é que servidores eu pago de forma antecipada, eu tenho vencimento para pagamento até o dia 5, dia 26 e 27. Eu faço o pagamento dos servidores, mas isso, esse custeio tem inviabilizado os cofres públicos por que nós prefeitos, aí eu quero chamar atenção para o nós, nós prefeitos estamos ficando sem o poder e condições financeiras de fazer novos investimentos. Os municípios, em si, estão todos, talvez no sentido figurado, estão todos quebrados, endividados. Eu tenho dívidas no nosso município que se arrastam aí de 22 anos atrás, eu tenho que pagar essas parcelas hoje, que seja com instituto de previdência, que seja com a Celg, que seja com as instituições financeiras, o meu município tem uma mancha ainda financeira de gestões não sucedidas aí ao longo dos últimos 22 anos. Manteram somente o básico e deixaram as obrigações correntes do mês em aberto. A Prefeitura de Iporá tem uma estabilidade financeira só que eu tenho que lutar e gerir esses recursos de forma cautelosa e equilibrada juntamente com a minha equipe para que com os recursos advindos do governo federal e do governo federal sejam suficientes para a manutenção ou custeio e eu ainda ter um recursos em caixa para novos investimentos.
DM – Como o senhor vê a prefeitura daqui a 23 meses quando o senhor vai encerrar o mandato?
Prefeito – Tem sido muito árdua essa missão, essa missão tem sido muito árdua porque há um rigor absoluto por parte da Legislação, há um rigor enorme por parte dos órgãos fiscalizadores, seja Legislativo, seja Judiciário, seja os tribunais, enfim, as corregedorias. Essa legislação é muito dura e eu respeito e tento lidar com ela da melhor maneira possível, tentando ser correto com as ações públicas e a cobrança popular, a demanda popular. Ela só aumenta em cima dos agentes públicos, e se o município vai mal a população ela tem total direito de reclamar em falar, em abrir os olhos dos agentes públicos. Eu faço uma comparação do nosso município, nós com todas as dificuldades nós ainda temos os melhores serviços prestados na prefeitura, seja saúde educação, infraestrutura, na assistência social nós temos todos os serviços ainda disponíveis em nosso município, mas quando o município vai bem a demanda só aumenta, porque que ela só aumenta? Porque a população está em busca de serviços eficientes e eficazes e então se na saúde você tem bons profissionais na área médica claro que a demanda só aumenta em cima do município, aumentando a demanda aumentam os custos, mas os repasses advindos do governo federal e estadual eles estão congelados, alguns programas advindos do governo federal e do governo do Estado já têm até atrasos nesses repasses. A partir da hora que há esses atrasos o município chegou o dia de pagar o seu fornecedor o seu servidor a população, o cidadão não quer saber se tem recurso advindo do governo federal e estadual em atraso, ou seja, o prefeito que está lá na ponta ele tem que cumprir com suas obrigações, então eu faço um apelo que os nossos governantes, as nossas entidades que seja Associação Goiana dos Municípios (AGM), Federação Goiana dos Municípios (FGM) e Confederação Nacional dos Municípios (CNM) promovam ações que venham mostrar essa dificuldade real dos municípios. Talvez, eu vá ser até um pouco radical, nós temos que ser pacíficos, temos que ter o diálogo constante, mas é necessário gritar, falar, fazer barulho mesmo para que os governos estaduais e federal auxiliem melhor os municípios. Eu sei que tem a mesma dificuldade, mas Constituição federal é clara existem serviços tripartídices, eu sou um parceiro do governo federal, eu não sou um governante que trabalho contra politicamente e administrativamente o governo federal ou estadual, pelo contrário, eu tento ter a relação institucional de melhor harmonia possível, mas está na hora de a gente falar, chamar atenção, mostrar a realidade dos municípios para que a nossa legislação seja mais dura, que haja uma reforma institucional mesmo e que haja realmente um novo modelo da pactuação com os municípios. Esse é um clamor não só meu, eu tenho a certeza dos 246 municípios.
DM – Qual a marca de sua gestão?
Prefeito – Essa minha experiência como chefe do poder executivo é uma tarefa árdua, mas uma tarefa e uma missão que Deus nos impôs à função, eu tentarei honrar ela e ser o mais comprometido possível até o último dia meu de gestão. Não sou candidato, não tenho outras pretensões, quero cumprir o meu mandato, tentar ser o melhor possível para minha população, tentar ser um prefeito que teve a oportunidade de ser um prefeito que esteve à frente da administração por quatro anos e sair o mais humilde possível, o mais tranquilo possível e discreto possível, o mais leal possível e um prefeito que saiu cumprindo com todas as obrigações impostas pela legislação que é gerir o recurso público e fazer seus investimentos, então esse é meu desejo, essa é minha vontade. A experiência, ela é gratificante e é a gente tem que ter poder, condições de manter e ampliar serviços para a população. É uma experiência ímpar, na minha vida, e a forma gratificante é você olhar para trás e olhar para frente e ver ações positivas, nós pudemos captar para nosso município. O nosso município tem diversas obras, tem os melhores eventos de todos os segmentos, nós somos uma cidade polo, uma cidade geograficamente muito bem-localizada, uma cidade que tem atraído e tem sido despertado o interesse dos empresários em investir no nosso município. Estamos terminando de fechar uma negociação junto ao Estado, junto a uma grande empresa do nosso Estado, eu estou diuturnamente batendo à porta do empresário, batendo à porta do governo para que eu possa conseguir levar a empresa Superfrango para a cidade de Iporá. Eu vou lutar, diuturnamente, para que a instalação dessa e outras empresas se instalem na cidade de Iporá. Eu vou agarrar com todas essas adversidades, vou trabalhar constantemente focado, planejado, vai ser uma gestão que dará e tem dado resultado ao nosso município.