Como preparar um time campeão nacional? Se o questionamento for direcionado ao Palmeiras de Marcelo Oliveira, a resposta pode envolver fatores fora de campo, como cobrança interna, reunião no interior e até um show de Sergio Mallandro. Ou aspectos mais técnicos, como o treinamento diário de Fernando Prass nas cobranças de pênaltis.
Após um início irregular no Campeonato Brasileiro, a diretoria do Verdão resolveu mudar o comando. Saiu Oswaldo Oliveira, vice-campeão estadual, e chegou Marcelo Oliveira, então bicampeão brasileiro com o Cruzeiro. De lá para cá, com altos e baixos, o treinador conseguiu consolidar uma campanha de destaque na Copa do Brasil. O momento de maior glória veio na última quarta-feira, com a vitória nos pênaltis contra o Santos, na arena.
A chegada de Lucas Barrios, os treinamentos de pênaltis, a cobrança interna e a festa dos torcedores são alguns dos bastidores da campanha que deu ao Verdão o terceiro título do torneio mata-mata. Confira:
CONTRATAÇÃO DE BARRIOS
Durante o Paulistão, a diretoria palmeirense viu a necessidade de contratar mais um atacante para o elenco, que já contava com Leandro Pereira e Cristaldo. Depois de sonhar com Guerrero e estudar o nome de Hernane, ex-Flamengo e que hoje está no Sport Recife, o Verdão foi atrás de Lucas Barrios na França a pedido de Paulo Nobre.
Aprovado pelos analistas de desempenho do clube, o argentino naturalizado paraguaio chegou ao Palmeiras após a Copa América, em julho, com apoio financeiro da Crefisa. Herói da semifinal, com dois gols na vitória sobre o Fluminense, ele teve grande atuação diante do Santos na decisão e participou da jogada do primeiro gol de Dudu.
COBRANÇA EM PORTO ALEGRE
Marcelo Oliveira estreou no comando do Palmeiras no dia 20 de junho. A derrota para o Grêmio, em Porto Alegre, causou revolta nos torcedores presentes na arena no Rio Grande do Sul e um pequeno conflito interno, por causa do horário de reapresentação do grupo. Os jogadores foram liberados para sair, desde que não houvesse exagero.
Na volta aos trabalhos em São Paulo, já na Academia de Futebol, muita cobrança entre os atletas, principalmente entre os que não cumpriram parte do acordo, com até alguns mais exaltados precisando ser contidos pelos companheiros. Internamente a sensação é de que o episódio ajudou a unir o grupo.
PRASS ARTILHEIRO
A notícia de que Fernando Prass seria o quinto cobrador do Palmeiras na decisão por pênaltis surpreendeu quase que todos os 39 mil torcedores presentes na arena. Mas, no dia a dia da Academia de Futebol, é comum ver o goleiro treinando penalidades ao lado dos companheiros após os trabalhos táticos.
– Faz muito tempo que eu treino. No Vasco eu já batia, não digo por brincadeira, mas eu que ia atrás. Aqui no Palmeiras, depois que o Marcelo chegou, teve duas decisões por pênaltis que os goleiros precisaram bater: Coritiba e Fortaleza, e Fluminense e Botafogo. Depois daquilo, todo dia eu treino pênalti com Dudu, Alecsandro, Barrios, Cristaldo. Calhou de precisar logo na final – disse o “goleiro-artilheiro”.
RETIROS NO INTERIOR
Logo após a derrota para o Grêmio, em junho, Marcelo Oliveira optou por tirar o grupo de São Paulo e levar o elenco palmeirense para um período de treinamentos em Atibaia. A tática deu certo, tanto que dali em diante a equipe construiu a sua maior série invicta na temporada – oito jogos sem perder.
Já em novembro, uma nova passagem pelo interior paulista serviu para focar o grupo para as finais da Copa do Brasil. Para muitos, o último período do grupo pela cidade serviu para fazer os atletas voltarem a conversar para ajustar os erros, principalmente após a queda de produção do sistema defensivo.
GLU-GLU, IÉ-IÉ
Para descontrair o ambiente do elenco palmeirense em Atibaia, durante a concentração de novembro, o clube realizou um churrasco com os familiares dos atletas e promoveu um show do comediante Sergio Mallandro. No palco do hotel, os atletas se divertiram e interagiram com o artista em um evento fechado.
FESTA DA TORCIDA E DOS JOGADORES
Durante a semana, palmeirenses se organizaram nas redes sociais e convocaram torcedores para a realização de uma grande festa de recepção ao elenco na Avenida Francisco Matarazzo. Por volta de 20h de quarta-feira, o ônibus do Verdão apareceu em direção ao Portão C, localizado na Rua Padre Antônio Tomaz.
Ao verem a grande festa dos palmeirenses, com rojões, faixas, bandeiras e sinalizadores, atletas como Cristaldo e Mouche começaram a gritar dentro do ônibus, vibrando junto com a torcida e puxando músicas de incentivo ao time. Nos vestiários, o sentimento entre todos os presentes era de certeza de título.
Na Rua Palestra Italia, quem não conseguiu ingresso para a decisão acompanhou os lances do jogo em bares e até por celulares. No fim, a festa palmeirense foi grande pela região e entrou na madrugada de quinta-feira.